terça-feira, 30 de novembro de 2010

beleza efêmera e Beleza

Dizem que a beleza é efêmera, pois ela é. É na sua forma estética, onde a aparência é a sua porta de entrada, seu meio de vida e que se pode ter certeza que não é o de saída. A Beleza Fundamental está nas simples competências do Ser humano, na competência de saber viver, apreciar, beneficiar e dividir. Aos que consideram-se belos estão aqui as minhas condolências pois o Belo pra mim é aquele que vive para desfrutar de suas capacidades, admirar gestos, situações e habilidades, levar a multidões a sua Beleza e multiplica-la. A Beleza está em admirar os versos de um poema, deliciar-se com os capítulos de um livro, saborear as notas de um instrumento ou se imaginar entre os rabiscos de uma pintura. Esta Beleza emana de um dedilhado num violão, de um solo numa guitarra, no inspirador som de um piano, nos movimentos da mão em um desenho, na dança do pincel em uma tela, nas rimas entre os versos, nas ousadia das palavras, na arrumação de bagunças escritas, no trançado de um vil lenço de crochê, nos pontos de um bordado, ou num gostoso passo de uma dança. Ela está ainda em compartilhar das emoções, de um pensamento, de gostos e sinônimos. Está em amar a história do outro, no encontro de olhares que dizem os que as palavras não conseguem descrever, num beijo apaixonado e apaixonante, num abraço protetor, num toque confortante ou excitante, no carinho sussurrado no ouvido, na preguiça de sair do colo amante, na demonstração de cumplicidade e até no calor da intimidade. Está em querer estar perto, compartilhar do que se aprende e aprender junto. Em ouvir um apelo amigo, ajudar a vencer obstáculos, entender, ser entendido, ouvir e aconselhar. Pedir desculpas, aceitar perdão, crer, ver o dia adormecer e a noite amanhecer. A Beleza está enfim em viver, sem que as aparências se imponham e se sobreponham e que a beleza gere julgamentos precipitados, fazendo um mundo onde ela é a divindade e a lei, pois essa é realmente passageira e não perpassa gerações. A Beleza sim estaciona em todos os tempos e viaja em todas as direções, Ela engatilha prazeres, emoções e inteligência, ultrapassa idades e finca sementes. Mas àqueles que insistem na supremacia da sua beleza, coragem para o dia em que ela não terá mais as forças de sua juventude e a saudade da Beleza que não teve lhe der tapas na cara lhe lembrando o fim de seus dias. Pois lembre-se que a beleza acaba com a vida e a Beleza transcende-a.

Thamyne D'el Rey

Saudoso prazer

Quero sentir de novo o mel de seus carnosos lábios,
me lambuzar com o adocicado do teu beijo,
me sentir fulmejar com o seu olhar,
suas mãos alimentarem as curvas do meu corpo,
sentir meu pelos eriçarem num arrepio profundo
quando você suspira em meu pescoço
e o frio na barriga com a aproximação da nossa pele.
Quero ouvir o enlouquecedor som da sua voz em ruídos de prazer
que se afina com a canção que de mim exala.
Quero sentir de novo o desejo daquelas noites
que perturbam os meus dias.

Thamyne D'el Rey

A nossa amiga amizade

Linda, satisfatória, forte e imaculada.
Corações semelhantes e personalidades
distintas, mas que se combinam.
O que seria de nós, sem nós?
Compartilhamos felicidades e tristezas,
inocência e malícia,
imaturidade e vontade de aprender.
Senhora do meu castelo, concubina do meu calabouço,
você sempre a me aconselhar, em qualquer lugar,
em qualquer situação.
Digo que amo sem medo de preconceitos
porque amizade não nos permite destes maus agouros.
A cada passo dado lado a lado,
construímos-nos.

Thamyne D'el Rey

Um escrito da paixão

O meu sangue ferve transportando o calor do meu desejo para o seu corpo, enquanto meus olhos mergulham no êxtase dos seus e encontram a ansiedade da paixão. O toque de seus lábios excita os cílios do meu corpo e enfurece minha espinha, fazendo palpitar meus sentidos. Meus membros entorpecem com o seu íntimo. Minha carne cintila e meu coração expulsa meu ardor com sua força. Minha voz trêmula emite cargas de prazer e então contemplo do mais profundo gozo do meu ser.

Thamyne D'el Rey

Decida-se

Perdida no medo, perdida em pensamentos, ela não sabe o que quer, de quem gosta ou do que gosta. Confusa, ela briga com si mesma a procura de uma solução que já existe, mas que seus olhos teimam em não enxergar. Dois mundos diferentes, mas ela não sabe em qual finalmente repousar, um mundo um tanto atraente, sem regras e onde a liberdade é onde se quer chegar, o outro mundo é onde ela se aninha, onde ela não precisa nada fazer por si só, o da proteção, do egoísmo e da total dependência. O que ela fará? Ela precisa se decidir em qual berço ficar. São dois universos em que as Pollyanas se distanciam. Mas como escolher se ela quer um pedaço dos dois? O que fazer se ela gosta que essas torcidas se conflitam por seu apego e atenção? Onde será que ela quer chegar com isso? Será que ela brinca com todos e faz um jogo onde eles lutam por ti? Não menina, não é assim, em cima do muro não da pra ficar, em cima do muro, você não tem nenhum dos dois palcos, você só os assiste e como telespectadora você não pode participar do que eles podem proporcionar. Mulher, aceite seu desejo de uma vez por todas, desenhe sua tela e escreva seu livro, cante sua música e encante uma destas esferas. Se decida, pois a dúvida por si só é destruidora, e você ainda a potencializa para não ter que tomar a grande decisão. Mas cuidado que os mundos podem um dia desistir de te clamar, e ai? O que você fará?  

Thamyne D'el Rey

O anseio

Os dias não estão mansos e as noites estão conturbadas
Anseio a noite chegar para apagar os infortúnios do dia
Espero amanhecer para esquecer os maldosos sussurros da noite
Nas manhãs minhas mãos tremem e perco a noção do equilíbrio
Meu corpo congela e queima, assim como minha mente acende e apaga
Agitação e catatonismo, meus olhos reviram e se perdem num horizonte
Horizonte criado por minhas próprias emoções espalhadas e embaralhadas
Não sei mais o que sinto e se sinto
A agonia e o medo me controlam
Corroído pela fome meu estômago rejeita seu sustento
Não espero comer, não espero sonhar, não espero...
Começo o seguinte sem terminar o antecessor
Nada se conclui e tudo agora não existe mais
Se paro, continuo, se continuo, quero parar
Meu corpo agora tem vontade própria, se balança e não consegue se controlar
As noites estão frias de calor e meu berço não é mais aconchegante como antes
O sono só chega nas horas incertas quando as lágrimas já romperam e inundaram minha face
Choro por tudo e por nada
Sem pedir licença a tristeza me consome
Quero estar onde pressuponho que não querem que eu esteja
Tento ter quem não está disposto a se dar
Apenas ouço e não consigo falar
Minhas regras estão fugindo do meu manual
E os pontos estão sumindo das frases
As escadas de subida estão ficando cada vez mais apertadas e sinuosas
Eu não posso parar de subi-las, mas eu tenho que descansar

Thamyne D'el Rey

Construção

Anos caminhando na solidão,
anos bloqueando meu coração,
anos de paz, anos e mais,
anos e anos.
Sem perceber, descrever,
escrever, sem ter ou ser.
Um nada, um vazio, e palavras soltas
e perdidas na imaginação.
Um talento sem se conhecer e a se esconder.
Mentiras criadas, verdades caladas,
um segredo, um mistério...
Invadindo e penetrando terceiros.
Caindo, levantando e tornando a cair.
Sem se encontrar e sempre procurando.
Agora crescida, antes reprimida.
Vida desgastada, desejo de reconstrução.
Vida se refazendo, saindo da escuridão.
Perdendo a paz, encontrando o medo.
E vivendo...e revivendo...

Thamyne D'el Rey