segunda-feira, 28 de março de 2011

Haikai

Falsidade! Mentira! Para o ato! 
Personificações, ilusões e remendos...
Cansei desse teatro.


Thamyne D'el Rey

sexta-feira, 25 de março de 2011

Hipnose


Sei que pareço louco e louco eu sou
Canto pelas ruas e grito aos diabos
Pelas manhãs mais insanas e noites mais hipnóticas
Com a saudade dos meus sonhos
E a espreita dos meus delírios
Saio descalço para sentir a terra em meus pés
Ando a esmo à procura das explicações
Caminho pela ponte com a impressão de caminhar pelas águas
Ouço os sons como se eles originassem de meus pensamentos
e transmutassem por minha saliva que a cuspo nos porcos
hipócritas que invejam minha liberdade
As luzes que passeiam meus olhos invadem em ruídos os meus ouvidos
piscam, rodopiam, dançam e me carregam àquela dimensão
À constelação da minha própria psique infame à eles os carcereiros
Os que tentam prender minhas mãos, tapar meus olhos e calar minha boca
para não se hipnotizarem com minha filosofia
Tentam me cegar com sua conduta, me impõem à sua música
mas só conseguem o meu escárnio, o meu sarcasmo e a minha ironia
Deixem-me com minha loucura se não querem se envolver com minha hipnose
Deixem-me com minha letra se é medo que vocês tem da minha hipnose
Deixem-me com minha paixão se não resistirem a minha hipnose.


Thamyne D'el Rey 

sábado, 19 de março de 2011

Haikai

Não me controlo e descontrolo
Raiva que me toma e me assombra
Monstro que me possui.


Thamyne D'el Rey

quinta-feira, 17 de março de 2011

Campanha contra os manicômios!

      
          A saúde/doença mental, que ao longo da história de seu estudo foi estigmatizada como loucura e afins, encarou algumas distintas etapas de classificação e considerações.
            O pioneiro no estudo da doença mental por volta de 1786, Pinel, deu início ao processo de tratamento dos doentes mentais. Considerado o pai da psiquiatria, Pinel foi o responsável por impulsionar todas as subsequentes  classificações e tratamentos criados por outros estudiosos  sobre doença mental. A partir de Pinel se deu o que chamamos de processo de institucionalização do serviço de tratamento às doenças mentais, onde se utiliza um espaço físico para tratamento, isolamento e controle social dos doentes, sendo o psiquiatra o controlador deste processo, pois é quem identifica e classifica a doença, prescreve o tratamento e o tempo de internação. Porém sabe-se que a cultura manicomial, cultura desumanizada, era também uma forma de “limpar” a sociedade daqueles que andavam pelas ruas, portadores da doença mental e daqueles que ofereciam algum perigo a moral da sociedade. O estilo de vida manicomial é enraizado num pressuposto de que aquele que possui algum transtorno ou doença mental não pode conviver e pertencer ao mesmo meio das pessoas ditas “normais”, isolando essas pessoas e as tratando de forma animalizada.
            Neste processo de institucionalização vemos que a tecnologia de cuidados se iniciou de forma brutal, tratando o indivíduo com desprezo, mantendo-o encarcerado na unidade de internação, “instituição de cuidado”, Manicômio, Sanatório, ou Hospital Psiquiátrico, em alguns casos tratando-o com violência, acorrentado-o ou amarrando-o enfim, tirando dele o direito de tomar decisões e controlar sua própria vida. O que ocorreu em diversos desses hospitais foi a morte de pacientes  e até a piora dos transtornos mentais ocasionados pela arrocho psicológico que eles sofriam nesses lugares, assumindo desta forma a postura de Louco.
            Com o passar dos anos e a evolução de tratamentos, diagnósticos e medicações, além das formas de cuidados, diminuiu-se a brutalidade com que tratavam dos doentes, ainda que internados nos manicômios. As tecnologias fizeram com que se definissem realmente se havia naquele sujeito uma doença mental, sendo diminuída a admissão nos Hospitais de pessoas “comuns” que como exemplo ameaçavam a estrutura vigente da sociedade e da política.
            Recentemente vem se abrangido a luta antimanicomial que visa a desinstitucionalização do serviço de tratamento à doentes mentais, nessa luta há propostas que as pessoas com transtorno ou doença mental sejam tratadas em regime aberto, havendo um atendimento social, psicológico e psiquiátrico em Centros de Assistência Especializados que estimulam a vida cotidiana de uma pessoa “normal” oferecendo a assistência necessária ao paciente e que se houver necessidade de internação, que esta seja transitória e em hospitais gerais, com o tempo que cada paciente leva para sua recuperação.
            Esta tecnologia é embasada na humanização e igualdade dos indivíduos e da assistência à saúde. Ela toma um novo olhar para a saúde/doença mental, vendo o indivíduo de forma mais ampla em um campo biológico e psicossocial, tratando de todas as formas e particularizadas as doenças,   prevenindo os transtornos e reabilitando-os, assim como auxiliando o paciente no cuidado de si próprio e nas suas condições de vida.
            Como toda luta social, esta se deu com a mobilização da sociedade e com a realização de movimentos para conscientização dos indivíduos enquanto a desumanização das formas de tratamento preconizadas pelas cultura manicomial dominante. Essa nova tendência ao serviço aos doente mentais ainda está se concretizando, pois ainda existem os Hospitais Psiquiátricos e quem seja a favor da continuação destes. Porém, a desinstitucionalização vem se consolidando e transformando a concepção de saúde/doença mental e suas tecnologias de cuidados.


Thamyne D'el Rey