Um retrato do desconhecido

Ô meu sinhô!
donde tu vem com tanto amô?
Aqui nóis num tem dessas tristeza
aqui nóis ama a comida que chega
e a água fresca que nóis acha pra bebe.


Ô meu sinhô!
aqui nóis precupa com os muleque
que só sabe brincar de lama
pra isquecer da barriga que chama
pro prato que num tem o que cumê.


Ô minha sinhora!
por que chora pelo moço que se foi?
Se tu sabe que ele vai e vorta?
Pior é nóis que chega das andança
e encontra pelas doença a fia morta.


Ô minha sinhora!
aqui nóis num intende das coisa
num lê nem sabe iscrevê.
Aqui nóis só conta a comida da semana
e os ano que ainda resta pra vivê.


Thamyne D'el Rey